RESENHA: TRUE LUCIFERIAN METAL FEST em São Paulo/SP (20/08/2016)
Resenhas
Publicado em 31/08/2016

 

 

TRUE LUCIFERIAN METAL FEST

Desde que soube da vinda da Archgoat ao Brasil e, uma vez que havia perdido o Brazilian Ritual II Fest em que eles tocaram junto com a Black Witchery há aproximadamente três anos atrás no Hangar 110, comparecer ao True Luciferian Metal Fest tornou-se um dever. Assim, lá estava eu na frente do Inferno Club às 15h45min, o primeiro da fila!

O local do show – Inferno Club, localizar-se na parte central da cidade de São Paulo: Fica a 1,3 km de distância da estação Consolação de Metrô e para quem preferiu ir de particular, os estacionamentos são caros, mas, há a opção de deixar o carro e/ou motos nas ruas adjacentes. Se tomar o ônibus certo facilita; desce no ponto a 10 metros da entrada da casa.

O dia estava nublado, frio, garoando. Após alguns minutos, fui comer algo no bar do outro lado da rua. De lá podia acompanhar o movimento dos organizadores e das bandas chegando ao inferno. Além disso, no crepúsculo paulistano, sobretudo naquela região da rua Augusta, há errantes andarilhos e prostitutas que param para lhe pedir um cigarro, bebida, oferecer um programa barato e alucinógenos, não foi diferente comigo. Nesse meio tempo chegavam os caras do Totemtabu, Perlokus e Power From Hell. Os caras da Archgoat estavam descansando no hotel ali perto, cansados da viagem vindos de Brasília, do show feito na noite anterior.

Comi uma coxinha com estrias, bebi uma cerveja barata, voltei à porta do Inferno Club com a esperança de conseguir escutar a passagem de som enquanto aguardava abrir a bilheteria. Antecipadamente o preço dos ingressos estava R$ 80 e foram vendidos na Mutilation Records, Hammer of Damnation Rec e Ticket Brasil na internet, na porta o valor estava a R$ 100. Já eram 16h30min e os funcionários da casa organizavam e movimentavam a entrada limpando a fachada e cercando os espaços por onde o público deveria acessar, passando obrigatoriamente primeiro pela bilheteria e depois pela revista com os seguranças.

Enquanto isso, headbangers iam chegando. Aos que haviam adquirido seus ingressos antecipadamente dispuseram-se no bar ou na entrada da casa, os demais que assim como eu necessitavam comprar ingressos aguardavam na fila à qual encabeçava e ali passamos o tempo conversando e bebendo. Cada vez mais a rua se tornava negra e a “unholy congregation” ocupava os espaços com reencontros de irmãos endurecidos da cena que recordavam com júbilo outros festivais e bebedeiras memoráveis afirmando com expectativa de que o “True Luciferian Metal Fest” seria igualmente histórico.

Por volta das 18h20min abriu-se a bilheteria e, finalmente, após três horas de espera, pude comprar meu ingresso com cartão de débito: só que não! Havia ventilado a possibilidade, até então, de poder comprar os ingressos no débito mas soube na hora que esta opção não seria disponibilizada pela casa naquela noite. Conforme explicado por uma de suas funcionárias, essa prática depende de evento para evento: caso se tratar de “show”, o caixa separa e dinheiro do cover artístico da banda à parte e, portanto, se paga a entrada em dinheiro, enfim... Assim como eu, outras pessoas da fila também estavam com a expectativa de pagar seus ingressos com cartão, algo que está cada vez mais comum nos comércios. Outra tensão que rolou referiu-se a necessidade de apresentar a identidade na entrada como regra de segurança ou seja, se você tivesse o ingresso na mão mas sem o documento, teria que aguardar a gerência da casa liberar ou não a sua entrada. A explicação obtida pelo segurança foi: “A apresentação do documento não é para barrar menores de idade, mas, numa eventual tragédia, sabermos de quem se trata para as autoridades estatais. ”

Contudo, naquele momento, meu problema era encontrar um caixa eletrônico para retirar o dinheiro e poder entrar definitivamente no festival. Andei um bocado para isso; perguntei na banca de jornal da Rua Antônia de Queiroz, um quarteirão acima do Inferno Club, onde encontraria um caixa eletrônico, e fui orientado a ir ao tal Shopping Frei Caneca... 500 metros ida, 500 metros volta... um tempo de caminhada que realmente não esperava!

 Voltei, efetivei a compra, entrei no Inferno Club, parei no bar da casa e me estabeleci sentado ao balcão quando já havia iniciado a Perlokus. Horda de Black Death Metal fundada em 2008 ev na cidade de Divinópolis/ MG. Mais uma vez pudemos confirmar a importância de Minas Gerais para a cena nacional. Visual tradicional das bandas sulamericanas; braceletes, spikes, cinturões e rebites, encapuzados, performance mórbida, fria, herege. Perlokus apresentou-se com bateria, uma guitarra e vocal e me fez lembra da Difamator, horda cult do início dos anos 90 bem como me remeteu a Impurity e a peruana Goat Semen. O instrumental estava pesado, nítido, infernal com a baterista Hel mostrando enorme potencial: orgânica, rápida e com pegada! Quanto ao vocal, estava baixo em relação ao instrumental, mas que, ao cabo, não comprometeu em nada o show! O set list contou com 10 blasfêmias dentre as quais “Chupe-Me Maria” da demo Eternal Torment (2009), “Maníaco Sexual” da demo Impaled Christ (2011), “Idolatrando O Pedaço de Gesso” da demo Merda Sagrada (2013) e “Relações Esquizofrênicas do Apocalipse” e “Culto a Insanidade” do split 2013, fazendo um apanhado de todos os seus lançamentos. Ao final entoaram “Satanás”, clássico do álbum I.N.R.I. da Sarcófago, apontando bem para as influencias que esta horda se serve. Lamentavelmente boa parte do público ainda não havia entrado, perderam um grande show! Foi uma grata surpresa para mim daquela noite!

Enquanto a Perlokus se apresentava, havia olhado o cardápio disponível sobre o balcão do bar e, constatado que o produto mais barato era água mineral a R$ 5 (!!!). A única coisa que “tomei” em demasia foi a consciência que não chaparia e pensava no que poderia pagar para beber naquelas 3 horas de festival e tinha pela frente. Então pedi o etílico mais barato: Havok – uma mistura de vodka, suco de limão e suco de uva, nada especial, e um combo com 5 Amstel em lata. Enquanto isso, Totemtabu acertava o som para seu set.

Às 19h20min entoaram os primeiros acordes da Totemtabu. Horda formada em 2011 em Dourados/MS e que possui lançados a demo 2012 “Novena Das Quimeras” e o compacto split 2016. O iniciou do show me deu a impressão do técnico estar equalizando / acertando as músicas enquanto a banda já executava a “Oráculo de Fezes”, faixa de seu compacto. A energia on stage da banda é forte, o vocalista R. Rexphallus mescla histeria, morbidez e insanidade, algo que, guardada as proporções, Rainer Landfermann fez no álbum de 1996 “Dictius Te Necare”, da Bethlehem, aliás, me parece uma das influencias notórias. Metade de seu set list foram tirados de seus 2 materiais até então lançados e, as outras 5 foram desconhecidas para mim cujo duas delas ainda não foram intituladas. Aguardemos pelo full-lenght assim que possível.

Seguindo rigorosamente o cronograma, às 20h30min subiu ao palco a Power From Hell que muitos haviam externado o desejo em vê-los ao vivo uma vez que a banda não se apresenta muito em São Paulo. Formada em 2001 no município de Guarulhos/SP por dois membros da Anarkhon, Power From Hell inspira-se nas principais bandas de Black Deathrash Speed Metal tais como Venom, Bathory, Bulldozer, Motorhead. Sua força vem da execução e integridade de seus acordes cortantes e rápidos! O set list permeou os principais releases, clássicos em cima de clássicos que brindou o público, já em grande número naquela altura. A qualidade do som e performance de palco foram perfeitas. E, para marcar ainda mais o festival, executaram um medley do Bathory com Cavalo B. (ex-Mausoleum / ex-Amazarak) vociferando com fúria. Foi uma exímia apresentação!

Enfim, às 22 horas a Archgoat estava no palco! A intro “Invocation” ditou a seara sombria do que seria todo show! O público acumulava-se próximo ao palco e o cerimonial rasgou a noite com os primeiros acordes de “Nuns, Cunts And Darkness” seguido pela “Lord Of The Void” e “Apotheosis Of Lucifer”. Nessas três primeiras execuções percebi a movimentação de Ritual Butcherer que me pareceu pedir um pouco mais de retorno de palco quando levantou o braço, tocou seu ouvido e depois apontou para o baterista Vnom. Resolvido esses acertos momentâneos entoaram a grandiosa “Grand Luciferian Theophany”. Na condição de público, me agradou a qualidade técnica do som, estava nítido e pesado igualmente excelente foi a performance da banda “on stage”! Até a esta altura do show, a Archgoat tinha executado hinos de seus três Full-Lenght: “Whore Of Bethlehem” de 2006, “The Light – Devouring Darkness” de 2009 e, o mais rescente, “The Apocalyptic Thriumphator” de 2015. Mas seu set list também contou com a execução da clássica “Penis Perversor” da Demo de 1993 e EP 2005 Angelslaying Black Fucking Metal e, ainda, três hinos do EP 2011 Heavenly Vulva (Christ Last Rites). Clássicas como “Goat And The Moon” e “Soulflay” (esta última fechando noite) deixaram a todos extasiados. Sem sombra de dúvidas, foi outro grandioso festival que tivemos o privilégio de acompanhar!

PAVLLVS MOVRA, MMXVI.VIII

 

PERLOKUS set list:

Idolatrando O Pedaço de Gesso

Maníaco Sexual

Queime Em Napalm

Relações Esquizofrênicas do Apocalipse

Chupe Me Maria

Ritual De Extermínio Ao Nazareno

Culto A Insanidade

Crucifique O Papa

Morto E Decomposto

Satanás [Sarcófago cover]

 

TOTEMTABU set list:

Oráculo Das Fezes

Sal Em Valburga

Como Abutres E Serpentes

[sem nome 1]

Caixão De Lótus

Zodíaco

A Cábula Do Feitiço

[sem nome 2]

Levedo Dos Sete Decaídos

Força E Fumaça

 

POWER FROM HELL set list:

Power from Hell / Suicide Metal / Black Metal

Gods Bestial Times / Calígula

Argameddon

Witch Cult

Old Metal

Voices From The Grave

Prostitute Of Satan

Fetish Of Hell

Revelation Of Flesh/More Whores

The True Metal

 

ARCHGOAT set list

Intro (Invocation)

Nuns, Cunts And Darkness

Lord Of The Void

Apotheosis Of Lucifer

Grand Luciferian Theophany

Blessed Vulva

The Apocalyptic Thriumphator

Goat And The Moon

Intro / Goddess Of The Abyss Of Grave

Penis Perversor

Day Of Clouds

Rise Of The Black Moon

Hammer Of Satan

Dawn Of The Black Light

Thrice Damned Sodomizer

 

Soulflay

 

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