RESENHA: BETHLEHEM -Lebe dich leer (2019)

Resenhas

Publicado em 08/07/2019

BETHLEHEM - Lebe Dich Leer

Label: PROPHECY PRODUCTIONS (clique aqui para acessar o site da gravadora)

HISTÓRICO

Iniciando suas atividades no ano de 1991, a alemã BETHLEHEM se tornou uma das principais referências quando o assunto é Dark Metal.

Transitando entre temas como a loucura e o suicídio, a banda é responsável por clássicos como "Dark Metal" (1994), "Dictius te Necare" (1996) ou "Schatten aus der Alexander Welt" (2001).

Três anos após seu último trabalho "Bethlehem", a banda lançou no último dia 17 de maio "Lebe Dich Leer" pela gravadora PROPHECY PRODUCTIONS.

ANÁLISE

Talvez a banda precursora do que hoje conhecemos por "Dark Metal", a alemã BETHLEHEM possui clássicos indiscutíveis em sua já longa carreira. Três anos após o insano "Bethlehem" (2016) eis que a banda acaba de soltar, pela gravadora "Prophecy Productions" seu nono trabalho: "Lebe Dich Leer".

Logo na primeira música do álbum "Verdaut in klaffenden Mäulern" percebemos que estamos diante de outra grande obra da banda. Além do instrumental excepcional, numa mistura que vai tanto do metal tradicional como do eletro goth, impossível não mencionar os vocais de Onielar. Desde sua estreia no álbum anterior, com certeza a sonoridade da banda ficou ainda mais introspectiva graças aos vocais doentios de sua vocalista.

Esta impressão continua em "Niemals mehr leben", uma profunda e aterrorizante viagem conduzida por mentes doentias. As mudanças de andamento são tamanhas que em alguns momentos achamos que já estamos ouvindo outra música.

O baixo do grande Jürgen Bartsch (membro fundador da banda) permeia toda a enigmática "Ich weiß ich bin keins". Como é excitante ouvir as variações vocais entoadas por Onielar nesta faixa (muito diferente do que ela executa em sua outra banda, a grande DARKENED NOCTURN SLAUGHTERCULT).

A atuação impressionante de Onielar segue em "Wo alte Spinnen brüten", onde por momentos nos lembramos da fase onde a banda teve em suas formações o grande Rainer Landfermann. Mas esta impressão não se baseia apenas na interpretação vocal. Pelo contrário, está presente em toda a parte instrumental também, onde riffs marcantes, alternâncias abruptas de andamento e sons que vão do suave ao sepulcral em segundos. Um exercício pela doença mental aguda em uma fascinante e encantadora viagem musical de pouco mais de sete minutos. Um dos maiores momentos do álbum.

A viagem de loucura e feitiçaria continua em "Dämonisch im ersten Blitz" e em "An gestrandeten Sinnen", duas faixas tão perturbadoras que atingirão o superconsciente de qualquer um que se mostre fraco ao frescor da alucinação. O que temos aqui beira o prazer extremo, tendo o baixo obscuro como condutor desta jornada fria e desoladora.

A BETHLEHEM é uma das bandas mais originais e inusitadas do planeta por causa de faixas como "Ode an die obszöne Scheußlichkeit" ou "Aberwitzige Infraschall-Ritualistik". De começo agressivo, facilmente presente em qualquer disco clássico de Black Metal, possuem tantas variações em seu andamento que fica impossível saber o que virá no segundo seguinte. Claro que isso torna tudo grandioso demais!

O disco termina de forma agressiva e brilhante em "Bartzitter Flumgerenne". A única sensação que insiste em ocupar nossa existência é a de vazio. Vazio por estar ao final de uma viagem esplêndida pelo mais profundo estado de insanidade que a música já proporcionou.

VEREDITO

Quando pensamos que não é mais possível que Jürgen Bartsch possa criar trabalhos completamente doentes, ele nos presenteia com "Lebe Dich Leer".

Um álbum épico, supremo e inovador.

Impossível classificá-lo, porém facilmente degustado por mentes atormentadas.

Um épico!

9.5/10

(Daniel Aghehost)