RESENHA: MASTER'S HAMMER - GOAT PRAYERS - JUPITERIAN e SCULPTURE em São Paulo/SP
Resenhas
Publicado em 18/06/2018

 

Master's Hammer (10/06/2018)

Local: Vic Club

Abertura: Sculpture, Jupiterian e Goat Prayers.

Produtora: Storm Productions

Por Reinaldö S.Steel / Fotos: Claudio Higa

 

Antes de começar a falar sobre o evento "None Sit Higher Than Us II", tenho que falar de uma das melhores casas de show de São Paulo, que é a VIC CLUB. Próximo à estação do metrô, mercado e estacionamento a preço de custo e com boa infra – estrutura. Um achado no centro da cidade, que graças a produtora Storm Productions, vem sendo palco de grandes eventos Underground.

 

Indo ao que interessa: o evento que foi bem divulgado, apesar do show da banda MAYHEM ser no mesmo dia, porém na cidade de Limeira, trouxe um ótimo público. Vale ressaltar que ocorreu em um domingo, provando mais uma vez que quando o evento vale a pena o público comparece.

 

Ao lado do VENOM e SABBAT (Jap) a banda da República Checa, MASTER’S HAMMER é uma das maiores lendas vivas do Metal Negro.

 

Em turnê do novo trabalho (Fascinator) lançado esse ano, mais uma vez, a Storm Productions nos presenteia com mais um grande evento. Pela primeira vez na capital em show único, mais uma banda que até para nós Headbangers mais esperançosos, não imaginaríamos que um dia poderíamos ver.

 

Do lado de fora, várias excursões de cidades vizinhas chegavam ao local, trazendo muitos fãs das antigas à capital da garoa. Isso prova que o MASTER’S HAMMER, apesar de 30 anos de carreira, e de nunca ter se apresentado no Brasil, não foi esquecido e continua nos corações negros dos fãs. 

 

A primeira banda a subir no palco foi o SCULPTURE, se apresentando pela segunda vez em sua carreira. A banda, que acaba de lançar seu primeiro trabalho (To Another Place) pela HAMMER OF DAMNATION, se deparou com uma surpresa: assim que começou a tocar, os bangers já colaram na frente do palco para conferir uma das poucas bandas de Progressivo Black Metal do mundo. A horda chama atenção, não só pela grande técnica dos músicos, mas também pela ausência de vocalista. E se você leitor acha que isso pode atrapalhar, ou a apresentação ficar sem algo a mais, está totalmente enganado. Para nossa sorte as composições, com um peso absurdo, fizeram o público agradecer a banda a cada som pela apresentação inesquecível. Sons como “In the Echoes of Centuries”, que abriu a apresentação, “Voices to Unconscious Revelations”, “A Journey to the Empty and Perennial Silence” e,  para fechar, “Through Infinite Horizons” que é um dos grandes destaques desse primeiro trabalho, fizeram desta uma das grandes apresentações da noite.

 

Em um bate-papo com os músicos, soube que a apresentação estava sendo gravada para um futuro videoclipe e confidenciaram que, em breve, estarão com um som novo que entrará em uma coletânea inglesa. Para mais detalhes, confiram o programa “Power Thrashing Death” que realizou uma entrevista com a banda.

 

Também da capital, a horda JUPITERIAN aos poucos vem crescendo e chamando a atenção do público. Formado em 2013 e com 2 Eps e 2 Álbuns, a horda pratica um Sludge/Death/Doom Metal, com letras baseadas em Mitologia, Ocultismo, Horror e Lovecraft.

 

Detalhe que não posso deixar de fora é que a banda se apresenta com todos os integrantes encapuzados e com mantos negros, lembrando muito os personagens Nazgûls da trilogia O Senhor dos Anéis. Abriram a apresentação com “Matriarch” que além de abrir o novo álbum (Terraforming – 2017), demostrou que já é uma faixa conhecida por parte do público presente. Na sequência a horda mandou, “Daylight”, lançada no primeiro trabalho – Aphotic -   lançado em 2015. Uma pausa, e eis que “Forefathers” explode nos PAs do local. Vale destacar a excelente qualidade do sistema de som que a Storm Productions sempre fornece ao público. Sem delongas a banda já emenda com "Us and them"... Que cacetada! A essa altura do show, o público já lotava a VIC CLUB. Hora perfeita para a horda executar "Drag me to my Grave" e encerrarem com a faixa "Sol", um prato cheio para fãs do Doom Metal. A horda sai do palco com a certeza de ter deixado uma ótima impressão.

 

Eis que o público começa a se espremer em frente ao palco. Seria o MASTER’S HAMMER que por algum motivo teria mudado o horário da apresentação?

 

Nada disso! Assim que se abriram as cortinas, as luzes vermelhas traziam um clima infernal ao VIC CLUB: o GOAT PRAYERS, de Sorocaba, estava no palco.

 

Com 26 anos de carreira, a horda de Sorocaba é uma das mais queridas dos veteranos na cena underground. A horda deu início a sua batalha negra em 1997. Sua estreia foi com a horda de Santo André DETHRONED CHRIST (que já teve o organizador da Storm Productions como membro) no split "We Are the Fist in the Face of God". No ano seguinte, soltam a primeira, e hoje rara e cultuada, DT "Abyssic Warriors of Dragon". Em 2000 viria outra DT, batizada de "Heretic Mountain" e, ainda em 2000, a banda divide mais um Split, dessa vez com a banda irmã LOST GRAVEYARD que em sua trajetória teve a participação de alguns integrantes do próprio GOAT PRAYERS.

 

Em 2005, a horda participa de mais um Split, dessa vez lançado no formato 7 vinyl, limitado em 444 cópias. O último trabalho foi lançado em 2010 e se trata de uma compilação, chamada "The Final Aclamation", que são as duas últimas demos da horda, lançada em formato cd pela Corvo Records e hoje fora de catálogo.

 

Vamos à apresentação: Após uma intro que serviu para os Headbangers pararem tudo que estavam fazendo para se espremer em frente ao palco, o espetáculo começou com a veloz "Mystical Storming Nights". O público ficou insano de tanto bangear. Que pancada meus amigos! Sem delongas, eis que o clima sombrio assola a VIC CLUB, já que um dos maiores clássicos da horda era entoado! Me refiro a "The Moon That Never Sets", simplesmente magistral. Que saudade da década de 90, onde o Underground era levado por pessoas sérias e com um único objetivo: propagar o verdadeiro Black Metal nacional! A essa hora eu já tinha deixado as fotos de lado e deixei que os irmãos bangers abrissem espaço para mais um batedor de cabeça. 

 

Após esse clássico, a GOAT PRAYERS nos presenteia com mais um, "Jorney to Ocidental Lands (The Beginning of the End). Aqui, nessa hora a horda já tinha o público em mãos e a energia da massa Banger é retribuída com "Dark Contemplation", um dos maiores hinos do Black Metal nacional. 

 

Após uma pausa para agradecer aos irmãos bangers, a banda executa um som da primeira DT, a faixa "A Crucial Deja-Vu". Sem piedade, explode nos amplis a desgraceira chamada "From Quest to Insanity". Eis que chega a hora da despedida com o clássico –  e o som mais pedido dessa noite que ficará na história de muitos – "A Real Nightmare Beyond This Eternal Darkness".

 

Após uma pausa, era hora de encher o caneco e se preparar para a atração da noite. Com grandes apresentações em sua atual "Fascinatour 2018", a MASTER’S HAMMER passou por países como: México, Colômbia, Chile, Argentina e era hora da horda passar pelo Brasil.

 

E para testar os corações negros de seus fãs, o show começa com " Mezi Kopci Cesta Jé Klikatá", do segundo trabalho da banda, lançado em 92. Sem enrolação soltam outro clássico, "Vecny Návrat", que fez os fãs se matarem de bangear, em uma performance muito bem entrosada. Franta Storm (Vocal/Guitarra) juntamente com seus comparsas, Peter Rámus (Baixo) e o excelente guitarrista, Petr "Blackie" Hošek, faziam uma poderosa linha de frente. Lá atrás a cozinha formada pelo veterano e membro fundador, Honza Pribyl e o excelente batera Honza Kapák, seguraram muito bem o extenso set list.

 

Eis que a banda decide apresentar sua música mais famosa, “Geniové”. Se você ainda não viu o vídeo clip mais famoso do MASTER’S HAMMER, é bom você começar a mudar seus conceitos e parar de se intitular um fã de Black Metal.

 

Que execução mais que perfeita! Só de ter visto todos esses clássicos de início, já tinha valido o ingresso, mas o espetáculo só estava começando. 

 

O show continuou com outro clássico, "Cerná Svatozár" do primeiro álbum “Ritual”, lançado em 91. Uma pausa para apresentar a banda e agradecer pela receptividade, e mandam o primeiro som do novo trabalho, "Fascinator". Esse novo trabalho, prova que mesmo com uma grande discografia e com tantos anos de carreira, a banda continua fabricando belas canções, e mantendo as raízes. No álbum anterior, "Formulae" a banda optou por algumas inovações que não agradaram alguns fãs, mas esse novo trabalho veio de forma grandiosa, aliando a brutalidade habitual da banda com pitadas de cada fase de sua carreira. A faixa que é prova definitiva dessas influências é tocada na sequência, "Psychoparasit", que inicia com os velozes bumbos de Honza, emendado com um belo e veloz solo de guitarra. Destaque também para os corais de fundo e o peso da cozinha. O vocal de Franta, continua da mesma forma que nos anos 80, forte e potente, e o baixo também tem seu destaque, transformando esse som em um dos melhores desse novo trabalho. Em seguida mais um do novo, "Estetika d'abla", que tem um clima psicodélico em seu andamento complexo. 

 

De volta aos clássicos, "Zapalili SME Ontem Svet", faz com que os fãs voltem aos saudosos anos 80 e interajam com os músicos que não param nem um minuto, demostrando uma excelente disposição. Era nítida a felicidade de todos por estarem se apresentando em nosso país. Mais uma clássica "Kazdy Z Nás", que possui um peso absurdo e faz com que os bangers até ali já cansados, tirassem forças para erguer os pulsos e agitar com a banda. Outra pausa e a banda executa o único som do álbum, “Vracejte Konve na Misto", um grande trabalho que merece ser mais reconhecido. 

 

A horda fecha com "Jáma Pekel", que traz ao palco uma jovem semi-nua e com uma cabeça de bode, no melhor clima Satânico. A jovem, que fez todos ficarem ligados ainda mais no palco, foi apelidada carinhosamente pelo produtor e responsável pelo evento, Robson Arulac, de “Baphometinha”.

 

Após duas horas de show, a banda se reúne em frente ao palco e agradece aos bangers brasileiros, anunciando o fim do sonho realizado.

 

Mais uma vez tivemos a certeza que enquanto houver produtoras compromissadas verdadeiramente com o Metal Underground, sempre teremos surpresas como essa. Basta o público apoiar mais, não só esses eventos, como também os de menor porte.

 

Parabéns a todos da produção, equipe de palco e casa nota 10.

 

Vale postar aqui mais um elogio a produtora STORM PRODUCTIONS que se preocupou até em divulgar, pelas redes sociais, o menu de alimentação e bebidas que teriam disponíveis no dia.

 

Nos vemos dia 22/06 no Cult of Fire!!!

 

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