RESENHA: BÖLZER - CARPATUS em São Paulo/SP
28/05/2018 21:02 em Resenhas

 

 

BÖLZER – Fofinho Rock Bar (São Paulo/SP) 17/05/2018

Abertura: Carpatus (Santo André/SP)

Produção: Storm Productions

 

BÖLZER é uma banda de Black/Death Metal da Suíça, formada em 2008, por KzR (Vocal/Guitarra) e HzR (Bateria)

 

A suíça BÖLZER possui uma demo lançada em 2012, dois EPS, e seu primeiro álbum, “Hero”, foi lançado em 2016. Apesar da banda possuir poucos materiais, está sempre presente nos maiores eventos europeus. Para quem imagina por possuir dois integrantes a banda fica devendo no palco, está totalmente enganado. O peso absurdo que essa dupla consegue praticar em suas apresentações é digno de todo o reconhecimento que a banda vem recebendo.

 

E a Storm Productions, uma das produtoras mais importantes do país, proporcionou uma apresentação única em solo brasileiro.

 

Para se ter ideia do profissionalismo dos músicos do BÖLZER, a banda iniciou a passagem de som antes das 17h e não arredou o pé de cima do palco até que tudo estivesse da forma que a banda necessitava.

 

Pontualmente às 19h, a casa abriu suas portas e o público que ainda chegava aos poucos (lembrando  que se tratava de uma quinta-feira) invadia o local e enquanto a banda de abertura não subia ao palco, aproveitava para jogar aquela conversa fora e dar uma olhada no material que o pessoal da loja Hammer of Damnation tinha disponível no local.

 

A banda escolhida para abertura do evento foi a horda de Santo André CARPATUS, que fazia algum tempo não se apresentava na capital. A banda iniciou sua carreira em 1999 e possui três álbuns muito procurados pelo underground. Seu último álbum de estúdio, “Malus Ascendant” (2017), foi masterizado pelo renomado produtor Dan Swanö e lançado em digipack. A horda conta com Dizruptor (Vocal/Guitarra), Eric (Guitarra) e Jack (Bateria).

 

Às 20h30, o CARPATUS inicia sua apresentação com “The Cold Autumn Sunrise” do seu novo trabalho. Mal os primeiros acordes ecoaram no local, os hellbangers já colaram em frente ao palco. Vale destacar a performance do guitarrista Eric que também toca na CREPTUM outra horda muito foda e que em breve soltará novo material. Na sequência, mais uma do novo álbum, “Rites of Fire and Blood”, som que inicia com uma pancadaria sobrenatural e mescla partes cadenciadas e velozes, tudo com aquela áurea sombria que poucas bandas conseguem expressar. Do clássico primeiro trabalho, a banda manda “An Evil Revenant Rises”, fazendo os hellbangers começarem a bater cabeça. Mais uma vez a performance da banda chama atenção e o novo batera demostra sua grande técnica. Pequena pausa para agradecimentos ao público presente e a banda anuncia mais uma do novo álbum: “Aeon Damnation” que na minha opinião é uma das melhores desse álbum e lembra muito a banda IMMORTAL. A horda se despede com “From a Dreadful Past”, fechando sua curta apresentação deixando aquele gostinho de quero mais mas provando o poder que a banda possui em cima do palco.

 

Antes da apresentação, a banda concedeu uma entrevista para o programa Power Thrashing Death, que poderá ser conferida no link ao final dessa resenha.

 

Após uma pequena pausa, sobe ao palco os suíços do BÖLZER, banda que se apresenta pela segunda vez no Brasil em show exclusivo para São Paulo. Ainda em suporte do seu primeiro e bem-sucedido álbum, “Hero”, a banda vem na bagagem com dois brilhantes EPs (“Soma” e “Aura”) e uma extensa bagagem de shows pela Europa. E esse talvez seja o fator principal para a produtora Storm Productions, que vira e mexe faz o público cair da cadeira com seus elementos surpresas que fazem o mecanismo do underground ser diferenciado dos demais eventos. De uns anos pra cá, a produtora simplesmente não mediu esforços para trazer bandas e hordas que nem o banger mais esperançoso ousa sonhar, exemplo disso são as futuras apostas da produtora: MASTER’S HAMMER, banda da República Checa que é considerada uma lenda viva pelo público Black Metal e a CULT OF FIRE, do mesmo país e um dos pilares do movimento underground. Ambas com shows marcados para o mês de junho e que prometem um grande espetáculo.

 

Voltemos ao BÖLZER. Após uma longa introdução, a dupla testa os amplificadores com a cacetada “Roman Acupuncture”, da primeira demo de mesmo nome lançada em 2012, deixando o público de olhos estalados com a performance da dupla. No decorrer da apresentação dava para imaginar o que todos os presentes estariam pensando ou tentando imaginar: “Como somente duas pessoas conseguiam fazer uma apresentação tão brutal como essa acontecida naquela noite de quinta?”

 

Do álbum mais conhecido, “Hero”, temos duas na sequência: a já conhecida “Zeus” e na sequência, “The Archer”, provando que a banda já tem fãs tupiniquins e esses estão antenados em tudo o que acontece no mundo underground. Muitos fãs com camisetas e patches pintados a mão, resgatando aquela antiga tradição.

 

Mais um do primeiro full, a faixa título consegue ser tanto brutal, como te faz bangear ao som das melodias celtas, que faz vc se desconectar por algum momento desse universo e viajar no clima denso e obscuro, para despertar bruscamente com a pancadaria que emana dos P.A. do local que parece que vai desabar tamanha potência que vinha do palco. Sinceramente, eu estava ao lado do batera e a todo momento o palco tremia lá em cima. Ainda não sei como aquele kit de bateria suportou as marretadas do baterista, chegava a impressionar o sincronismo da dupla.

 

Sem dó e nem piedade a banda inicia uma aula de desgraceira sonora chamada “I AM III”, com seus quase dez minutos, a dupla já provava até ali que já tinha valido o ingresso. O baterista continuava a esmerilhar completamente seu kit enquanto o mestre KzR mostrava um pouco de uma técnica que sinceramente eu nunca tinha visto: O cara toca com uma guitarra com doze cordas!! Você não leu errado não: são doze cordas!! O cara conseguia fazer bases e com a outra mão já no meio do braço fazendo solos. Uma façanha impossível de expressar em palavras. Vale também destacar o vocal totalmente urrado e cheio de ecos, lembrando um lobo furioso dentro de seu covil pronto para atacar.

 

E foi com essa ferocidade que a banda solta a primeira do EP “Aura”, a faixa “Entranced by the Wolfshook”. Mais uma vez a banda demostra sua técnica, com arranjos ora retos, ora quebrados, ora tirando os pés do acelerador.

 

A banda que não parou pra quase nada, manda o que seria a última bomba “The Great Unifier”, que infelizmente foi interrompida pelo próprio vocalista, que perdeu a paciência com uma das caixas de retorno e arremessou o pedestal do microfone ao chão. Era o fim dessa que foi a única apresentação da banda por aqui, após o momento de nervosismo o vocal se dirigiu a beirada do palco e agradeceu ao público presente, que acabou entendendo a revolta do músico.

 

Saldo positivo da noite: mais uma vez o público demostrou que apesar do show ter acontecido em uma quinta-feira, fato ainda raro por aqui, quando a banda vale a pena o público comparece.

 

Outro ponto positivo foi mais uma vez a pontualidade dos eventos da Storm Productions, mesmo com a banda principal subindo alguns minutos depois do horário estipulado, o evento acabou em um horário que deu para todos os presentes recorrer ao transporte público e chegarem tranquilos em suas residências.

 

Ponto negativo, não houve. Mesmo o pequeno problema com o equipamento da casa, tudo ocorreu bem.

 

Parabéns mais uma vez ao Robson Arulac e à Storm Productions!

 

Nos vemos no Master’s Hammer!!!

 

 

(Texto: Reinaldö S. Steel - Fotos: Claudio Higa)

 

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