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PRIMEIRAS IMPRESSÕES: DEATHHAMMER - Crimson Dawn (2025 - Hells Headbangers Records)
Por Daniel Aghehost
Publicado em 17/10/2025 11:11
Resenhas

DEATHHAMMER - Crimson Dawn

(Hells Headbangers Records - Clique aqui para adquirir)

 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Duas décadas depois de surgirem como um nome estranho e barulhento no underground norueguês, a DEATHHAMMER chega ao seu sexto álbum de estúdio, “Crimson Dawn”, lançado pela Hells Headbangers. A dupla formada por Sadomancer e Sergeant Salsten nunca buscou inovação ou polimento: desde “Phantom Knights” (2010) a proposta sempre foi manter vivo o espírito mais sujo e cruel do thrash e speed metal dos anos 80, misturado à selvageria do black metal primitivo. Se em “Electric Warfare” (2022) a banda havia flertado com composições mais longas e ambiciosas, aqui a opção foi por faixas diretas, em torno de quatro a cinco minutos, condensando tudo aquilo que os consolidou como referência no estilo. “Crimson Dawn” aponta novas direções para a banda. E nem precisa.

A abertura com “Abyssic Thunder” já deixa claro o rumo: riffs em frenesi, bateria que soa como uma homenagem aos anos 80 (principalmente às bandas sul-americanas) e os gritos histéricos de Salsten, que parecem atravessar o ouvinte como lâminas. É o tipo de começo que não dá espaço para distrações: ou você se rende à pancadaria ou fica pelo caminho. Na sequência, “Satan’s Sword” mantém o ataque acelerado, com um refrão simples, mas eficaz, enquanto “Stygian Lust” surpreende ao alternar momentos mid-tempo com explosões de fúria que remetem ao “Obsessed by Cruelty” da SODOM, revelando uma faceta mais obscura e caótica.

No coração do álbum, “Nocturnal Windz of Fire” introduz nuances que lembram o black metal norueguês dos anos 90, especialmente nos fraseados de guitarra, contrastando diretamente com a faixa-título “Crimson Dawn”, que soa quase como um hino de heavy metal clássico acelerado ao limite. Entre esses extremos, destaca-se “Legacy of Pain”, um ataque frontal que sintetiza a essência da banda: riffs inspirados na DESTRUCTION inicial, solos insanos e uma energia que parece saída de um porão iluminado apenas por velas.

“Die Eternal” bebe da fonte EXODUS-era “Bonded by Blood”, com andamento furioso e vocais que lembram o espírito de Paul Baloff em sua forma mais selvagem. Já o grande clímax vem com “Into the Blackness of Hell”, faixa de mais de sete minutos que mistura velocidade, atmosfera ritualística e riffs sombrios, até desembocar em um final hipnótico com a repetição do mantra “Hail Satan!”. É o momento mais “épico” do disco, resgatando a ambição do trabalho anterior, mas sem perder a urgência.

Apesar da crueza, a produção está entre as melhores da carreira da dupla. O som de bateria é orgânico e feroz, reforçando a sensação de violência, e as guitarras ganharam peso extra com a novidade de ambos os integrantes gravarem nos riffs um do outro, criando um resultado mais dinâmico. 

A impressão que tive ao ouvir “Crimson Dawn” é, ao mesmo tempo, de continuidade e refinamento. A DEATHHAMMER não busca agradar além do seu público: permanece fiel ao culto de riffs acelerados, vocais demoníacos e atmosfera blasfema. Pode não ter a ousadia imediata de “Electric Warfare” (2022) ou o impacto de “Chained to Hell” (2018), mas é um disco sólido, feroz e consciente de sua identidade. Para quem acompanha a banda desde seus primórdios, fica claro que a dupla amadureceu tecnicamente sem perder o espírito de insanidade que a tornou cultuada. Não é um trabalho para quem espera inovação, mas sim um lembrete de que o metal extremo também vive de constância, suor e devoção ao caos

 

 

EM POUCAS PALAVRAS:

 

DESTAQUES:

Os destaques ficam para “Abyssic Thunder”, e sua abertura explosiva; “Stygian Lust”, caótica e sombria com riffs à la HELLHAMMER/SODOM; “Crimson Dawn”, com refrão memorável; “Legacy of Pain”, agressiva e marcada por um solo de impacto; e “Into the Blackness of Hell”, que fecha o disco de forma épica e cerimonial.

 

PONTOS DE ATENÇÃO:

Talvez o único ponto de atenção em “Crimson Dawn” seja para quem não é familiarizado com o som da banda, já que, em quase todos os momentos, os ecos de clássicos do passado reverberam pelas caixas de som, fazendo a banda beirar o caricato. 

 

EXTRA-MÚSICA:

A capa, diferente das artes mais “cartunescas” do passado (prometo que não falarei nada sobre a arte de “Chained to Hell”, de 2018), aposta em um visual mais sombrio e frio, refletindo a aproximação do álbum com o black metal. A produção, mixada por Arild M. Torp (Nekromantheon), dá ao disco um equilíbrio raro entre sujeira e clareza, sem perder agressividade.

 

VALE A PENA?

Vale e muito! “Crimson Dawn” é DEATHHAMMER sendo DEATHHAMMER: brutal, fiel às origens e ainda capaz de arrancar a pele com riffs.

Para fãs de DESTRUCTION, NIFELHEIM, AURA NOIR e para quem nunca quis que 1985 acabasse, este é um banquete sangrento.

  

9.0/10

 

(Daniel Aghehost)

 

 

TRACK LIST

1. Abyssic Thunder

2. Satan's Sword

3. Stygian Lust

4. Nocturnal Windz of Fire

5. Crimson Dawn

6. Legacy of Pain

7. Die Eternal

8. Into the Blackness of Hell

 

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