CHRIST AGONY - Anthems
(Deformeathing Production)
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
A veterana do black metal polonês está de volta!! A CHRIST AGONY, nome que desde os anos 90 representa a fusão entre peso, melancolia e ocultismo, lança em 2025 seu mais novo trabalho, “Anthems”, pela Deformeathing Production. Nove anos após “Legacy”, Cezary “Cezar” Augustynowicz retoma sua criação quase como um projeto solo, mas ainda com a força suficiente para erguer uma obra que reafirma a identidade da banda e, ao mesmo tempo, adiciona nuances modernas ao seu legado. Não é exagero dizer que este disco chega envolto de expectativa, e felizmente ele responde com uma sonoridade que equilibra tradição e renovação.
A abertura com “Empire of Twilight” deixa clara a direção: riffs arrastados, com ecos de CELTIC FROST, e uma atmosfera ritualística que cresce lentamente. A faixa é densa, épica, e funciona como um portal para o universo de “Anthems”, mesmo que sua longa duração (aliás, todas as faixas deste disco ultrapassam os seis minutos) possa soar arrastada em alguns momentos. “Throne of Eternal Silence”, que vem em seguida, aprofunda o clima sombrio com letras de devoção luciferiana e uma estrutura grandiosa. Apesar da aura envolvente, ainda falta um impacto imediato – os dois primeiros temas parecem mais introdutórios do que explosivos.
O álbum começa a brilhar de fato em “Sanctuary of Death”, onde guitarras cortantes, bateria dinâmica e arranjos de tremolo criam a tensão necessária. É aqui que a CHRIST AGONY mostra sua verdadeira força: um equilíbrio raro entre agressividade e beleza trágica. Já “Rites of the Black Sun” expande essa energia com camadas de riffs e um andamento midtempo que remete a nomes como a também polonesa HATE, mas sem perder a assinatura própria de Cezar. É uma música que combina peso e atmosfera, evocando um ritual de magia negra em plena escuridão.
Na segunda metade do disco, “Dark Waters” assume o protagonismo. Com quase nove minutos de duração, alterna passagens acústicas e climas monumentais, provando como a banda sabe trabalhar contrastes sem perder a coesão. É provavelmente o ponto mais alto de “Anthems”, revelando uma CHRIST AGONY madura e consciente do poder das melodias. Por fim, “Nocturnal Dominion” encerra a jornada com energia renovada: há ecos da grandiosidade dos anos 90, lembranças de “Os veteranos do black metal polonês estão de volta.
O que se percebe em “Anthems” é que, mais do que repetir fórmulas, a CHRIST AGONY busca explorar novas camadas de sua sonoridade. Há o peso e a frieza que sempre definiram sua música, mas também uma dose maior de melodia, texturas modernas e arranjos que soam rejuvenescidos mesmo dentro de um estilo tão consolidado. A produção é clara, profissional, valorizando cada detalhe – das guitarras densas aos vocais que alternam entre o grito black metal e o gutural death. A opção por contar com mais de um baterista (Daray, ex VADER e August, ex DECEPTION) deixou o álbum muito mais dinâmico. Os temas líricos, como sempre, giram em torno de ocultismo, melancolia e transcendência, aprofundando a atmosfera ritual que permeia todo o álbum.
“Anthems” é um trabalho consistente e impactante. Não altera a sonoridade padrão da CHRIST AGONY, mas reafirma sua relevância com composições inspiradas, carregadas de atmosfera e com momentos que certamente ficarão entre os mais fortes da discografia recente da banda. Para fãs de longa data, é mais um capítulo sólido de uma carreira marcada pela fidelidade ao underground; para quem chega agora, é uma porta de entrada instigante para um nome essencial do black metal polonês.
EM POUCAS PALAVRAS:
DESTAQUES:
“Sanctuary of Death” e “Dark Waters” são os pontos altos de um disco muito acima da média, equilibrando peso, melodia e atmosfera ritualística de forma magistral. O encerramento com “Nocturnal Dominion” também merece atenção, pela forma como sintetiza a proposta da obra.
PONTOS DE ATENÇÃO:
A abertura com “Empire of Twilight” e “Throne of Eternal Silence” pode soar lenta demais, prejudicando o impacto inicial. A ordem das faixas talvez não tenha favorecido o álbum.
EXTRA-MÚSICA:
A capa assinada pela Divine Design não é inesquecível, mas também não compromete. Segue alguns clichês do estilo, mas consegue traduzir em imagens a aura ritualística e sombria de “Anthems”. Vale também mencionar a produção cristalina de Michał Grabowski, que realça a força de cada arranjo. Realça exatamente o peso e a agressividade características da banda.
VALE A PENA?
Sem dúvida!! “Anthems” é um disco maduro, sombrio e melódico, que reafirma a posição da CHRIST AGONY como um dos nomes mais respeitados do black metal europeu. Fãs da velha guarda encontrarão aqui motivos para se orgulhar, e novos ouvintes descobrirão um álbum que, mais do que música, é um ritual. Uma pena que este disco dificilmente aparecerá por aqui.
8.0/10
(Daniel Aghehost)
TRACK LIST
1. Empire of Twilight
2. Throne of Eternal Silence
3. Sanctuary of Death
4. Rites of the Black Sun
5. Dark Waters
6. Nocturnal Dominion