PRIMEIRAS IMPRESSÕES: DEEP PURPLE - =1 (2024)
Resenhas
Publicado em 13/08/2024

DEEP PURPLE  - =1

(Ear Music / Sound City Records / Valhall Music - clique aqui para adquirir)

 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

DEEP PURPLE, uma das mais icônicas e influentes bandas de rock de todos os tempos, está de volta com seu 23º álbum de estúdio, intitulado enigmaticamente de “=1”. A banda, que já passou por inúmeras mudanças de formação ao longo de sua carreira de quase seis décadas, continua a surpreender os fãs com sua capacidade de produzir música que, embora enraizada em sua sonoridade clássica, não se sente presa ao passado. Este novo álbum não só reafirma a relevância da DEEP PURPLE no cenário atual, como também oferece um vislumbre de uma banda que, apesar da idade avançada de seus membros, ainda encontra prazer e propósito em criar música juntos.

“=1” marca a estreia em estúdio do guitarrista Simon McBride, que substitui o veterano Steve Morse, ausente devido a questões de saúde familiar. McBride, embora relativamente jovem em comparação com seus colegas de banda, mostra-se à altura da tarefa de ocupar o posto que já foi de Ritchie Blackmore e Steve Morse. Sua abordagem à guitarra, mais direta e focada no rock, complementa bem o estilo da banda, especialmente nas faixas mais enérgicas do álbum.

O álbum começa com "Show Me", uma faixa que imediatamente estabelece o tom do que está por vir. Com o inconfundível som do Hammond de Don Airey, a bateria poderosa de Ian Paice e a voz distinta de Ian Gillan, a música evoca a essência do que faz da DEEP PURPLE uma banda tão adorada. É uma abertura forte que tranquiliza os fãs: apesar de todas as mudanças e desafios ao longo dos anos, estes jovens senhores ainda sabem como entregar rock n’ roll de  alta qualidade.

"Sharp Shooter" é outra faixa que se destaca, com uma estrutura rítmica interessante que prende a atenção do ouvinte. A guitarra de McBride brilha aqui, mostrando que ele não está apenas preenchendo um espaço, mas trazendo algo novo à mesa. O solo de teclado de Airey, seguido pelo solo de guitarra de McBride, é um dos pontos altos do álbum, demonstrando a química entre os dois músicos.

O single "Portable Door" é outro exemplo do que a banda faz de melhor. Com um ritmo acelerado e uma melodia cativante, a faixa captura a energia da banda de forma brilhante. Gillan, aos 78 anos, continua a surpreender com sua habilidade vocal, entregando uma performance que, embora marcada pelo peso dos anos, ainda é cheia de carisma e paixão.

Mas o álbum não é apenas sobre riffs poderosos e solos impressionantes. Faixas como "If I Were You" e "I'll Catch You" mostram o lado mais suave e reflexivo da banda. "If I Were You" é uma balada poderosa que se destaca pela sua melodia melancólica e pela performance sublime de Airey nos teclados. "I'll Catch You", por sua vez, é uma faixa bluesy que aborda temas de perda e arrependimento, com uma entrega vocal de Gillan que transmite uma profunda emoção.

"Lazy Sod", uma das faixas mais pesadas do álbum, é um retorno ao estilo clássico da DEEP PURPLE, com um riff poderoso que lembra "Smoke on the Water". A combinação do groove pesado, o ritmo contagiante e os solos duelados de guitarra e teclado fazem desta uma das músicas mais memoráveis do álbum.

A segunda metade do álbum continua a entregar faixas de qualidade, como "Now You're Talkin'", que se destaca por seu riff de slide guitar e sua energia vibrante, e "No Money to Burn", que evoca o espírito do rock clássico dos anos 70. A última faixa, "Bleeding Obvious", encerra o álbum com uma explosão de energia, com McBride entregando alguns dos seus melhores momentos na guitarra e Paice e Glover proporcionando uma base rítmica sólida e implacável.

Apesar das várias mudanças na formação ao longo dos anos, a DEEP PURPLE conseguiu manter uma linha contínua entre o passado e o presente. Ian Paice, o único membro original remanescente, junto com Ian Gillan e Roger Glover, que fizeram parte da formação clássica Mark II, formam o núcleo da banda que, mesmo após décadas, continua a evoluir sem perder sua identidade.

A presença de Don Airey, que assumiu o lugar do lendário Jon Lord em 2002, e agora Simon McBride, que se junta à banda em um momento crucial, reforça a ideia de que a DEEP PURPLE é uma banda que, embora profundamente conectada ao seu passado, não tem medo de abraçar o futuro.

 

 

VEREDITO

“=1” pode não ser o álbum mais revolucionário da carreira da DEEP PURPLE, mas é um testemunho da longevidade e resiliência de uma banda que, contra todas as probabilidades, continua a criar música relevante e emocionante. Com uma produção impecável de Bob Ezrin, que capta perfeitamente a essência do som da banda, este álbum é uma adição digna ao vasto catálogo da banda.

Ele oferece aos fãs uma oportunidade de revisitar o som que ajudou a moldar o rock moderno, ao mesmo tempo que apresenta novos elementos que garantem que a banda não seja vista apenas como uma relíquia do passado.

Se “=1” for realmente o último álbum de estúdio dos veteranos da DEEP PURPLE, eles certamente saem em grande estilo, deixando um legado que continuará a influenciar gerações de músicos e fãs por muitos anos. Compre sem titubear!

 

(Daniel Aghehost)

 

9.3/10

 

 

TRACK LIST

1. Show Me

2. A Bit on the Side

3. Sharp Shooter

4. Portable Door

5. Old Fangled Thing

6. If I Were You

7. Pictures of You

8. I'm Saying Nothin'

9. Lazy Sod

10. Now You're Talkin'

11. No Money to Burn

12. I'll Catch You

13. Bleeding Obvious

 

 

 

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