FUNERAL STORM - Chthonic Invocations
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PRIMEIRAS IMPRESSÕES
A banda grega FUNERAL STORM consolidou sua reputação no cenário underground mundial com o impactante lançamento de seu álbum de estreia, "Arcane Mysteries" em 2019, aclamado como um dos grandes lançamentos do Black Metal atual. Dada a qualidade excepcional desse primeiro trabalho, era inevitável que as expectativas para o próximo projeto da banda atingissem patamares estratosféricos. Essa espera angustiante chegou ao fim no último 19 de abril, quando a Hells Headbangers lançou o tão aguardado "Chthonic Invocations". Ativa desde 2002, a banda conta atualmente em sua formação com Wampyrion, que atua nas guitarras, baixo, vocais e teclados; Stefan Necroabyssious nos vocais; Arcania nas guitarras e teclados; e Merihem também nas guitarras.
O álbum consiste em oito faixas, totalizando 37 minutos de puro e inalterado black metal. Desde as primeiras notas, "Chthonic Invocations" envolve o ouvinte em uma atmosfera ao mesmo tempo sombria e cativante. A faixa de abertura, "Whispers from the Beyond (Intro)", define o tom com seus sussurros ominosos e uma ambientação assustadora, que transita perfeitamente para as faixas subsequentes.
A segunda faixa, "Behold the Dark", imediatamente chama a atenção com seus riffs poderosos e bateria implacável, remetendo de cara a discos clássicos dos anos 90. Aliás, os riffs aqui conquistam logo nos primeiros segundos, trazendo fraseados que emocionam. Os vocais de Stefan Necroabyssious, também conhecido por seu trabalho junto à lendária VARATHRON, adicionam uma dinâmica familiar, mas fresca ao álbum. Seus vocais abissais e presença imponente elevam a música, tornando-a uma peça de destaque desde o início.
"The Void", a terceira faixa, é onde o álbum realmente começa a brilhar. A música apresenta uma bateria em ritmo de transe e um ritmo implacável que puxa o ouvinte para um vórtice de paisagens sonoras obscuras e imersivas. A entrega vocal de Necroabyssious aqui é particularmente notável, mostrando sua capacidade de transmitir agonia e êxtase em profundidades inacreditáveis. Aliás, como é bom ouvi-lo, mesmo com o passar das décadas, vociferando com a mesma brutalidade de outrora!
A estrutura da música é meticulosamente elaborada, com camadas de guitarras e elementos atmosféricos criando uma sensação ritualística que é essencialmente como o black metal grego costumeiramente deve soar.
"Funeral Pyre" mantém essa abordagem com melodias tocantes e padrões rítmicos robustos, exemplificando a capacidade da FUNERAL STORM de mesclar melodia com força, forjando um som que é simultaneamente intenso e esteticamente refinado. O trabalho de guitarra é meticulosamente intrincado, tecendo através da composição como uma linha sombria e etérea. Além disso, a potência vocal aqui está deslumbrante, talvez representando a melhor interpretação de todo o disco. Os riffs são rápidos e inspirados, complementados por um conjunto de baixo e bateria que também se destacam por sua notável presença e energia. Sem dúvidas, "Funeral Pyre" é um dos pontos altos do álbum.
"The Epitaph of the Dead" e "The Covenant of Old" exploram ainda mais a profundidade temática e musical da banda. "The Epitaph of the Dead" é uma faixa mais densa e introspectiva, apresentando uivos ecoantes e uma sensação de desgraça iminente. A música se constrói gradualmente, criando uma tensão e desconforto que são ao mesmo tempo atraentes e inquietantes. "The Covenant of Old", por outro lado, aumenta a intensidade com seus ritmos rápidos e riffs de guitarra agressivos, que reverenciam toda a opulência do Black Metal Helênico. A sutil adição de teclados torna tudo ainda muito mais interessante, sendo responsável pela atmosfera perfeita para a letra, que mergulha em rituais antigos e lendas sombrias, adicionando uma camada de misticismo que aprimora a experiência geral.
Outro destaque do álbum é "Mistress of the Night (The Gathering Begins)". Esta faixa sintetiza tudo o que torna o black metal grego tão único: melodias poderosas, profundidade atmosférica e um profundo mergulho no conhecimento antigo e arcano. A estrutura da música é dinâmica, alternando entre seções rápidas e agressivas e passagens mais lentas e melódicas. Esse contraste cria uma paisagem sonora rica e texturizada que mantém o ouvinte envolvido do início ao fim. Uma verdadeira ode aos discos clássicos de VARATHRON e ROTTING CHRIST executada com maestria por músicos que trazem esta sonoridade dos anos 90 aos dias atuais com perfeição.
O álbum fecha com "The Calling of the Father" (com sonoridades muito similares à faixa que encerra seu primeiro disco, “From the Great Deep of the Primordial Waters of Creation” – recomendo que ouça as duas!!!), uma faixa que serve tanto como conclusão quanto continuação dos temas do álbum. A música é mais lenta e meditativa, apresentando melodias assombrosas e uma sensação de finalidade. Ela amarra a exploração do álbum de temas sombrios e ctônicos, deixando o ouvinte com uma sensação persistente de desconforto e reflexão.
"Chthonic Invocations" é uma obra magistral que mostra o crescimento e a evolução da FUNERAL STORM como banda. O álbum mantém o som clássico do black metal grego enquanto incorpora novos elementos que o mantêm fresco e envolvente. A produção é nítida e clara, permitindo que cada instrumento brilhe enquanto mantém o sentimento cru e não polido que é característico do gênero.
VEREDITO
Não há dúvidas de que "Chthonic Invocations" é uma adição sólida e convincente à discografia da FUNERAL STORM. O álbum constrói com sucesso a base lançada por "Arcane Mysteries", oferecendo uma exploração mais profunda e nuance do black metal grego.
Cada faixa é meticulosamente elaborada, mostrando a habilidade da banda em equilibrar intensidade com atmosfera. Para os fãs do gênero, "Chthonic Invocations" é uma audição obrigatória.
Ele captura a essência do black metal grego enquanto empurra os limites e explora novos territórios. A FUNERAL STORM entregou um álbum poderoso e evocativo que cimenta seu lugar no panteão dos grandes do black metal.
Só podemos esperar que não demore mais cinco anos para o próximo lançamento, pois "Chthonic Invocations" deixa o ouvinte ávido por mais.
(Daniel Aghehost)
9.5/10
TRACK LIST
1. Whispers from the Beyond 
2. Behold the Dark
3. The Void
4. Funeral Pyre
5. The Epitaph of the Dead
6. The Covenant of Old
7. Mistress of the Night (The Gathering Begins)
8. The Calling of the Father
