MY DYING BRIDE - A Mortal Binding
(Shinigami Records - Clique aqui para adquirir)
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Como um dos titãs duradouros que dominam o reino do doom metal, a inglesa MY DYING BRIDE esculpiu um nicho de profunda melancolia e intensa profundidade musical, características que continuam a ressoar em todo o seu mais recente lançamento, "A Mortal Binding" (Shinigami Records). Celebrando mais de três décadas de música influente, este álbum marca um capítulo poignante em sua histórica discografia, mesclando o doloroso com o sublime de maneiras que apenas eles podem dominar.
O álbum se abre com "Her Dominion", uma faixa que instantaneamente tranquiliza os fãs de longa data de que a banda não perdeu seu toque para criar atmosferas densas com riffs carregados de doom e desespero existencial. Os rugidos de Aaron Stainthorpe são tão arrepiantes quanto sempre, ambientados contra um pano de fundo de guitarras profundas e mordazes (incrível como a dupla Andrew Craighan e Neil Blanchett consegue criar riffs únicos e inspirados) e melodias de violino assombrosas (méritos mais que merecidos para Shaun MacGowan) que se tornaram a assinatura da banda. Esta faixa não hesita em mergulhar os ouvintes no abismo escuro e reflexivo que a banda tão habilmente retrata.
"Thornwyck Hymn" segue, destacando-se como uma peça quintessencial na discografia da banda, com sua tensão melodramática que se constrói lentamente e culmina em um final explosivo e emocionalmente carregado. A interação entre a guitarra e o violino cria uma dança de desespero e elegância, encapsulando a habilidade da banda de transmitir histórias profundas por meio de seus instrumentos. O belíssimo vídeo lançado para esta música enriquece ainda mais a experiência da obra.
Não se pode discutir este álbum sem mergulhar na épica "The Apocalyptist". Com mais de onze minutos, ela exibe a habilidade da MY DYING BRIDE na construção de músicas — fundindo doom implacável com momentos penetrantes de clareza e introspecção. O escopo narrativo e a variedade instrumental da faixa encapsulam a relevância e inovação contínuas da banda dentro do gênero. Sem dúvida, um dos grandes momentos da história da banda!
"Unthroned Creed" e "The 2nd of Three Bells" exploram ainda mais a gama dinâmica da banda. A primeira é uma jornada inquietante através de paisagens sonoras turbulentas, marcada por linhas de guitarra repetitivas que instilam uma sensação de inquietação, complementando perfeitamente os sussurros assombrosos de Stainthorpe. A última oferece uma exploração mais contida e pungente da melodia, exibindo o controle refinado da banda sobre o clima e a atmosfera, com piano e vocais limpos adicionando camadas de beleza triste.
As faixas de encerramento, "A Starving Heart" e "Crushed Embers", encapsulam os motivos temáticos e musicais do álbum — misturando riffs pesados e angustiantes com momentos mais suaves e reflexivos. Estas músicas refletem uma banda que amadureceu sem perder a essência que inicialmente as definiu, oferecendo uma camada complexa de sons que ressoam com a passagem inevitável do tempo e da perda.Durante todo o álbum, a excelência na produção é evidente. Cada instrumento tem espaço suficiente para se destacar, criando uma atmosfera ampla e envolvente que captura a atenção do ouvinte. A mixagem habilmente equilibra nitidez e potência, destacando tanto os variados estilos vocais de Stainthorpe quanto a complexa teia instrumental, que brilha tanto individualmente quanto em conjunto. A interação entre o baixo profundo de Lena Abé e a bateria precisa de Dan Mullins cria uma base sólida que, em sua melancolia e profundidade, alcança uma inspiração quase sublime.
"A Mortal Binding" é mais do que apenas uma coleção de músicas; é uma expedição emocional às profundezas do sentimento humano, narrada por uma banda que continua a evoluir enquanto permanece fiel às suas raízes. Este álbum não só reafirma a maestria da MY DYING BRIDE sobre o doom metal, mas também ilustra sua capacidade de inovar dentro de seu som estabelecido.
Para fãs veteranos e também os novos ouvintes, "A Mortal Binding" oferece uma experiência auditiva rica e imersiva. É um testemunho do apelo duradouro da banda e de sua busca incansável para explorar os temas de desespero e beleza. Com este lançamento mais recente, o sexteto não apenas mantém seu legado vivo, mas também o enaltece, demonstrando que, mesmo após três décadas, sua música continua a cativar e ecoar com uma profundidade impressionante.
VEREDITO
Posso afirmar que, "A Mortal Binding" é uma adição convincente à discografia da MY DYING BRIDE. Ele encapsula a essência do que torna a banda tão impactante — emocionalidade intensa, profundidade de composição e uma beleza sombria que é tanto atemporal quanto imediata.
Fãs do gênero encontrarão muito para admirar e dissecar, já que cada faixa oferece sua própria narrativa e exploração musical.
Este álbum é um lembrete pungente do motivo pelo qual a MY DYING BRIDE permanece um pilar no universo do doom metal, capaz de tocar as partes mais profundas de nossas almas com sua música.
NOTA DA REDAÇÃO
Enquanto me aprofundava na experiência de ouvir "A Mortal Binding", fui surpreendido pela notícia de que a banda cancelou todas as suas apresentações previstas para 2024.
Através de um comunicado oficial divulgado em suas redes sociais, a MY DYING BRIDE explicou que a produção do álbum foi extremamente desgastante e revelou profundas divisões internas. Como consequência, um período de pausa e silêncio se faz necessário para que o grupo possa seguir adiante.
Diante dessas circunstâncias, decidi dar mais uma chance ao álbum. Durante a audição, um pensamento de Friedrich Nietzsche ressoou com força: "Quem luta com monstros deve cuidar para não se tornar também um monstro. E se você olhar por muito tempo para um abismo, o abismo olhará de volta para você."
Espero sinceramente que este tempo de pausa permita que a banda confronte e extraia o melhor de seus próprios abismos...
(Daniel Aghehost)
8.5/10
TRACK LIST
1. Her Dominion
2. Thornwyck Hymn
3. The 2nd of Three Bells
4. Unthroned Creed
5. The Apocalyptist
6. A Starving Heart
7. Crushed Embers