TRNK: Guitarrista concede entrevista sobre o debut “Until It’s Over”
Por: André Santos – Programa Samhain
Antes de tudo, gostaria de agradecer muito a você por está oportunidade. Tivemos o prazer de bater um papo com o alemão 'Christian', guitarrista da banda, para nos inteirar sobre os projetos, de como surgiu o grupo e quais as expectativas para esse ano. Acompanhem a seguir a entrevista realizada com Christian Rentsch, guitarrista do TRNK.
“É esse o grande desafio de músicas autorais, evoluir com o que já foi feito e criar algo diferente, com identidade própria.” Christian Rentsch
A banda paulista TRNK é formada por um quarteto, sendo que dois integrantes são de nacionalidade estrangeira, que comandam a parte harmônica do grupo. Mas, a mesma conta com dois membros representantes de nossa nacionalidade verde e amarela, fechando a muralha com seus acordes, bases e ataques precisos e forte, aquecendo a cozinha do TRNK. A banda vem se destacando na Cena Underground com o seu primeiro projeto de estúdio intitulado "Until It's Over".
P. Samhain: Christian vc pode dizer aos leitores como surgiu a banda? E a ideia do nome composto por consoantes (TRNK), surgiu ao acaso, por alguma pré-posição ou tem um próprio significado por traz do nome?
Christian/TRNK: A banda surgiu em 2009 com um encontro entre amigos em um estúdio que queriam fazer um som mais pesado e diferente. Na época eu já conhecia o Carlos Badaui (ex-guitarrista e amigo de muitos anos) Gastão (ex-baterista) e Rocha (baixista atual). O Vocalista (Matt) ainda demoraria alguns meses para aparecer.
O nome TRNK surgiu de Trunk – porta malas, baú, tronco, em inglês, mas decidimos tirar a vogal, ficando, TRNK, um nome diferente no mercado, despertando o interesse das pessoas, como neste mesmo questionamento feito por vocês.
P. Samhain: Sabemos que a sua nacionalidade é Alemã. Este foi o principal ponto de contato para banda ter outro membro estrangeiro? Conte- nos um pouco sobre isto.
Christian/TRNK: Na verdade não. O propósito da banda são as letras em inglês. Sabemos como é o mercado musical autoral no Brasil e infelizmente não tem reconhecimento.
O Matt já era meu amigo há vários anos, tivemos a idéia de chamar ele para incentivá-lo a trazer letras e melodias em inglês, o que deu muito certo.
O envolvimento do Matt ficou sendo essencial e deu um grande valor a banda, sua pronuncia do inglês é impecável, com gírias e ótimas letras, a proficiência na língua ajuda muito nas composições e melodias das músicas e nas letras que ele faz.
Temos muito orgulho de conhecer e ser amigo do Matt e de toda a sua família.
P. Samhain: Desde de 2010 a banda mantem esta formação com Matthews Liles? Como vem sendo a adaptação dele em terras tupiniquins? E como ele vê a nossa cena Underground?
Christian/TRNK: Sim, a formação atual é: Matthew Liles (Voz), Bruno Rocha (Baixo), Bruno Coelho (Bateria) e eu na (Guitarra).
O Matt mora aqui no Brasil desde os 14 anos e fala português fluente.
A opinião dele é a da banda toda, que na cena falta público e casas de shows que incentivem mais as bandas autorais.
P. Samhain: Quais as principais influências que a banda trás ao som através de seus integrantes? Você pode citar algumas delas? E como isso é adaptado nas composições?
Christian/TRNK: As principais influências seriam Black Sabbath, Pantera, Slayer, Lynyrd Skynyrd, Down, ZZ Top, Sepultura, BB King, Johnny Cash e diversos outros artistas e bandas.
Acho que as influências são importantes e fazem parte da elaboração de todas as músicas. Tentando sempre buscar a melhoria de cada riff, verso e melodia.
É esse o grande desafio de músicas autorais, evoluir com o que já foi feito e criar algo diferente com identidade própria.
P. Samhain: Nas criações das composições a mesma surge através de uma reunião coletiva, ou cada membro trás uma ideia e depois é desenvolvida? E qual o tipo de linha que vocês seguem? A melodia e harmonização vem primeiro ou a letra surge primeiramente e depois é pensado? Nesta questão ou não há uma regra para isso dentro do grupo?
Christian/TRNK: Na maioria das vezes o Matt e eu trazemos ideias ao ensaio e ai desenvolvemos, adaptamos e harmonizamos com os outros integrantes.
Por isso a extrema importância de ter ensaios freqüentes e comprometimento de todos os integrantes.
A tecnologia hoje em dia ajuda muito neste sentido, as vezes você está na rua ou acorda na madrugada com um riff ou melodia na cabeça e já grava no celular. Lembro que antigamente em outras bandas eu andava com um gravador de fita K7 que eu tenho até hoje. (risos)
P. Samhain: Until It's Over lançado em 2016, é o primeiro projeto de estúdio da banda correto? Você ou até mesmo a banda tem uma ideia da projeção ou ate mesmo alguma repercussão desse primeiro full- lenght? Como vocês vêm absorvendo esta questão?
Christian/TRNK: O Until It’s Over é o resultado final dos primeiros anos da banda com músicas que surgiram com os primeiros integrantes e foram lapidadas durante o tempo.
Somente “Sangha Mine”, música que eu e o Matt fizemos onde tem a participação de um grande amigo, André Palloni Bortolai, tocando teclado.
Decidimos gravar tudo isso para ter um registro definitivo do TRNK, um trabalho final de tudo que já compomos e realizamos, foi um álbum que representa muita coisa para todos nós e estamos felizes com o resultado. Fizemos também CDs físicos para termos nossas músicas na mão. Ele é o nosso cartão de visita.
A repercussão esta sendo gratificante ainda e estamos nos surpreendendo com alguma projeção que estamos recebendo. Queremos acreditar que não há limites de onde podemos chegar com nossas músicas. Estamos em todas as plataformas de streaming (spotify, deezer, etc) e lá não há fronteiras, esses dias uma pessoa da Suíça comprou nosso álbum online na Apple Music, foi uma surpresa interessante.
P. Samhain: Em falar no primeiro projeto, o mesmo foi concebido de forma independente, mas a masterização é gringa, correto? Qual foi o principal atrativo que levou a banda a procurar Brendan Duffey? E como surgiu este contato e como foi trabalhar ao lado do mesmo?
Christian/TRNK: Antes de entrar no estúdio para gravar Until It’s Over eu já havia proposto a banda para masterizar o álbum. Acho esse um dos passos primordiais de uma gravação para ter um resultado com qualidade. O famoso “Pente fino”.
Apesar de não conhecer Brendan pessoalmente, conhecemos o trabalho dele através do meu amigo Bruno Pompeo que gravou e mixou o álbum Until It’s Over.
Eu conheço o Bruno desde 2004 e trabalhar com o ele neste álbum foi muito satisfatório no estúdio Maria Fumaça.
Ele entendeu o propósito da banda de soar mais grave / médio grave e conseguiu captar e mixar o nosso som.
O envolvimento do Brendan neste projeto foi na Masterização. O Bruno sugeriu fazer a masterização, mas queríamos um segundo ouvido/ uma segunda opinião na master.
Escutamos diversos trabalhos que o Brendan havia masterizado e gostamos muito do seu trabalho. Ele conseguiu superar nossas expectativas quando recebemos os áudios finais.
Houve até um suspiro no final, Ufa.... ele entendeu o que nós queríamos.
Não se trata em fazer a masterização na gringa que o seu trabalho será melhor, mas sim com qual profissional de áudio você quer/poder trabalhar naquele momento e o projetar.
Hoje em dia o acesso é mais viável, pois a internet ajuda.
Muitas bandas no Brasil acham que o custo de uma máster é extremamente caro, mas na realidade não é. Este pensamento infelizmente impacta em algo que poderia ser viabilizado para obter uma qualidade melhor em seus projetos (não estou desmerecendo mixagens).
P. Samhain: Until It's Over é calçado no Stoner Rock, mas também podemos perceber que há outras tendências presente no som da banda, está correto isso? Neste álbum temos alguns acordes bem aguçados em algumas composições e entre outras puxa para a linha mais arrastada, mais soando bem pesado e agressivo. Este conjunto atendeu o propósito da banda?
Christian/TRNK: Exato, foi esse nosso propósito, pensamos em fazer um som diferente do que já conhecemos, com o instrumental bem pesado, grave e mais cru, com linha de voz mais cantada e alguns vocais guturais.
P. Samhain: Há uma descrição no projeto da banda se referindo aos instrumentos que estão afinados a dois tons abaixo correto? Isto é uma tendência que poderemos encontrar em outros novos projetos futuros da TRNK?
Christian/TRNK: Sim, a afinação de 2 tons abaixo do padrão é proposital, pois queremos alcançar algo mais pesado / médio grave.
Quando o Matt entrou na banda, conseguimos alcançar algo diferente e trabalhar em harmonia com a voz dele.
Eu sempre gostei de afinações mais baixas, as vezes eu penso em baixar mais ainda a afinação! (risos)
P. Samhain: E para o próximo ano a banda já tem um material pronto, para entrar em estúdio, ou a banda estará focada na divulgação e viabilização do álbum "Util It's Over"?
Christian/TRNK: Sim já temos músicas novas no gatilho, algumas já estão entrando no set list dos shows. Por enquanto o foco é divulgar o álbum, tentando ganhar mais espaço para realizar quantos shows pudermos. Sem estes não há divulgação efetiva. Uma banda precisa divulgar seu trabalho ao vivo o máximo que puder, é da apresentação que se ganha cada vez mais reconhecimento e público.
P. Samhain: Para fechar Christian, você gostaria de deixar algum recado aos leitores, ou ate mesmo aos "Metalbangers" que acompanham de alguma forma nosso trabalho!
Christian/TRNK:Sim mas é claro! Queria agradecer vocês pelo trabalho excelente que estão fazendo em divulgação de todas as bandas nacionais. É exatamente isso que nós precisamos. Li algumas matérias e vocês realmente fazem análises aprofundadas de álbuns / shows. Parabéns! Obrigado ao Andre!
Galera, compareçam mais aos shows de bandas autorais. Existem muitas bandas boas neste país. É só tirar a bunda da frente do computador e comparecer!
Formação atual:
Matthew Liles – Vocais
Christian Rentsch – Guitars
Rocha – Bass
J.Monaco – Drums (Novo formação)