Segunda-feira, 21 de outubro de 2024, recebemos a triste notícia da morte de Paul Di’Anno, primeiro vocalista do Iron Maiden, entre os anos de 1978 e 1981, com quem gravou os dois primeiros álbuns da banda, “Iron Maiden” (1980) e Killers (1981).
Mas essa história é bem conhecida por todos os fãs do Iron Maiden que começaram a ouvir rock no início dos anos 80 exatamente com esses dois discos, que hoje são considerados clássicos incontestáveis.
Então vou falar de outros assuntos, que confesso que não sabia, sobre a vida de Paul Di’Anno. A história de vida dele está muito ligada ao Brasil, vai muito além dos mais de 100 shows que ele realizou no país durante sua carreira.
Para começo de conversa, Paul tinha dupla cidadania, inglesa e brasileira. Ele chegou a afirmar que seu pai era brasileiro, informação que não consegui confirmar, mas vamos acreditar em sua palavra. Ele morou no Brasil, mais precisamente na cidade de São Paulo em dois períodos de sua vida, no final dos anos 90 e depois em 2008, e tem duas filhas brasileiras, hoje adolescentes, que moram em São Paulo.
Paul também era fanático por futebol e se apaixonou pelo Corinthians quando ainda era adolescente e via pela televisão os jogos do clube paulista, ainda com Sócrates como titular. Quando ele viveu aqui em São Paulo, aproveitou a oportunidade e se afiliou à Gaviões da Fiel, uma das maiores e mais conhecidas torcidas organizadas do Brasil. E mostrava com orgulho um autógrafo recebido pelo jogador Rivelino.
Paul Di’Anno considerava o Brasil como sua segunda casa, e em meados dos anos 2000 tinha a intenção de fixar moradia por aqui, empreender e criar um projeto social para ensinar TI para jovens. No seu livro sobre o Iron Maiden, o escritor Martin Popoff conta essa história a partir de entrevista com o próprio Paul. ("Empire Of The Clouds: Iron Maiden Nos Anos 2000", Martin Popoff, Editora Delfante).
Agora falando sobre música, as duas vezes que Paul residiu no Brasil renderam trabalhos por aqui. Em sua primeira passagem, ele gravou o álbum “Nomad”, acompanhado apenas de músicos brasileiros (Paulo Turin, guitarra, que já havia trabalho com Paul Di’Anno na Battlezone; Chico Dehira, guitarra, do Karma; Felipe Andreoli, baixo, hoje no Angra; e Aquiles Priester, bateria, que já passou pelo Angra e pelo Hangar). As letras foram todas assinadas por Paul e a sonoridade deixa um pouco de lado o Heavy Metal tradicional e chega quase a um Thrash Metal.
Em 2008, Paul Di’Anno criou o supergrupo Rockfellas, acompanhado pelos músicos Marcão (ex-guitarrista do Charlie Brown Jr.), Canisso (baixista dos Raimundos) e Jean Dolabella (ex-baterista do Sepultura), tocando apenas covers de grandes clássicos do rock e do metal. O grupo já nasceu com uma data para seu fim, planejado para 3 de outubro do mesmo ano. Nessa data a banda se apresentou no Hammer Rock Bar, em Campinas. Não existe um registro oficial destas apresentações, mas é possível encontrar alguns vídeos amadores na internet.
Paul Di’Anno presenteou todos os fãs de Heavy Metal pelo mundo com dois álbuns icônicos de uma das maiores bandas de todos os tempos e depois com uma longa carreira solo. Sua vida foi conturbada e cheia de altos e baixos. Nos últimos anos enfrentou diversos problemas de saúde e problemas financeiros, mas ele deixou uma marca indelével na história da música mundial e no coração dos fãs.
RIP Paul Di”Anno (17/05/58 - 21/10/24)
Por: Fernanda Scobino (apresentadora do programa MOMENTO CULTURAL)