SEPULTURA – “CELEBRATING LIFE THROUGH DEATH”

06/09/2024 - SÃO PAULO/SP

A primeira vez que vi o Sepultura ao vivo foi em um show gratuito na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Era um sábado, 11 de maio de 1991, na época eu morava lá perto, decidi ir. O Sepultura tocou para cerca de 50 mil pessoas, em um evento com várias falhas na organização, mas foi um daqueles shows que ficam marcados para o resto da vida.

Muitos anos se passaram, mudanças na formação da banda, 15 álbuns de estúdio, inúmeros shows pelo mundo, reconhecimento internacional e após 40 anos de existência, no final do ano passado, recebemos a notícia de que o Sepultura encerraria sua história, mas não sem antes fazer uma mega turnê mundial para se despedir dos fãs. Nesta sexta-feira, dia 6 de setembro, a “Celebrating Life Through Death” chegou em São Paulo. O local escolhido para receber os três shows na cidade foi o Espaço Unimed, na Barra Funda. A casa comporta 8.000 pessoas e todos os ingressos se esgotaram rapidamente. 

Neste primeiro show, a abertura ficou a cargo da banda paulista de thrash/death Torture Squad, foi uma apresentação fantástica, com a voz forte de Mayara Puertas tomando conta do espaço, mas infelizmente o local ainda estava vazio, muitas pessoas não conseguiram chegar a tempo de ver o Torture Squad por causa de um problema ocorrido no metrô, que é a maneira mais fácil de chegar ao Espaço Unimed.

Mas já estava se aproximando a hora da apresentação principal da noite. O show do Sepultura estava agendado para as 21:00h, mas nos shows anteriores da turnê eles começaram com meia hora de atraso, então já era esperado que o show iniciasse apenas às 21:30h.

Quando começou a tocar “War Pigs” do Black Sabbath e em seguida “Polícia”, dos Titãs, as duas cantadas em uníssono pelos presentes, já era hora da entrada do Sepultura no palco, começando com “Refuse/Resist”, “Territory” e “Propaganda”, todas do álbum Chaos A.D.

Foram duas horas ininterruptas, com 25 músicas, contemplando quase todos os álbuns da banda. Um momento especial da apresentação foi durante a execução da música instrumental “Kaiowas” (Chaos A.D.), quando subiram ao palco convidados especiais para ajudar na percussão, neste momento participaram Jean Patton, ex-guitarrista do Project46, os integrantes do Torture Squad, fãs, pessoas da equipe técnica, Yohan Kisser e João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso, transformando o palco em uma grande festa.

A noite já estava chegando ao fim, então vieram “Troops of doom”, “Inner self” e “Arise”, fazendo o público extravasar toda a energia que ainda tinha, abrindo diversas rodas na pista. O bis veio com “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots” para a catarse final de todos que estavam presentes.

Não sei se daqui a alguns anos vai ter um revival, um reencontro especial do Sepultura, mas se este for mesmo um show de despedida, ele cumpriu seu papel de apresentar o melhor de uma longa e importante história.

Por: Fernanda Scobino (apresentadora dos programas "Momento Cultural" e "Dark Radio Delivery")