RESENHA: SACRISTIA - Corpus Christis (2018)

Resenhas

Publicado em 11/04/2019

SACRISTIA - Corpus Christis

Label: Voz da Morte Prod (Clique aqui e acesse o site da gravadora)

HISTÓRICO

Uma das lendárias bandas do interior paulista, a SACRISTIA foi formada na cidade de Rio Claro.

Executando um frio e certeiro Black Death Metal, depois de um longo inverno seu nome volta a ecoar no submundo graças a "Corpus Christis", compilação organizada pela gravadora VOZ DA MORTE PROD.

ANÁLISE

Uma das gravadoras mais importantes do underground nacional, sem dúvida alguma, é a VOZ DA MORTE. Conduzida com maestria pelos irmãos Anderson Carlos e Alex Anderson (Kito), a VOZ DA MORTE especializou-se em "garimpar" lançamentos que escreveram a história do metal extremo no país.

Um destes lançamentos é "Corpus Christis", da veterana SACRISTIA. Originária da cidade de Rio Claro/SP, a SACRISTIA teve seu início no prelúdio dos anos 90, sendo responsável por duas demos históricas para o underground: "Culto na Sacristia" de 1990 e "Corpus Christis", de 1991. E é justamente esta segunda demo que encabeça este lançamento.

O disco abre com a clássica "Anthropophagy" e aqui já temos o clima primitivo deste trabalho. Impossível não se emocionar com a atmosfera (re)criada. Mesmo com as variações causadas pelo tempo, a magia ainda se faz presente. O ritmo segue com "Sacristy", outra clássica para quem acompanhou a história da banda em algum momento. A formação da demo, com Canibal (guitarra e vocal), Alemão (guitarra), Ricardo Herris (baixo) e Juninho (bateria), mostrava uma coesão incomum para o cenário na época. Riffs poderosos, baixo e bateria em perfeita sintonia fazem a camada sonora perfeita para os urros alucinantes de Canibal nesta demo.

Uma levada mais cadenciada anuncia "Invasion of Bodies" e justamente esta mudança de andamento mostra toda a versatilidade e alcance da banda. Após os segundos iniciais, quando a velocidade aumenta consideravelmente, deve-se destacar todo o trabalho de remasterização feiro por Rafael Effez. Mesmo trabalhando com uma demo que em breve completará 30 anos, ainda é possível ouvir os instrumentos sem maiores problemas. Aumente o volume da faixa seguinte, "For Blood For Meat" e comprove!

Duas faixas encerram esta primeira parte de "Corpus Christis": Primeiro, a faixa-título. Com sua marcha fúnebre logo aos primeiros segundos convidando o ouvinte para o sepultamento do ba$tardo, temos aqui um dos melhores sons produzidos pela SACRISTIA. Um verdadeiro clássico obrigatório para qualquer maníaco pelo metal negro. Na sequência, "Mortification" surge também com início arrastado e mórbido, preparando para um verdadeiro ataque até seu final.

A partir daqui, temos uma apresentação da banda no festival "Rrröööaarr Fest" em 2008. E aqui, com uma captação excelente e o notório amadurecimento dos músicos (acompanhando Canibal, temos os "novatos" Pecim - guitarra - Nando - baixo - e Verme - bateria), podemos perceber o quanto as músicas nascidas 18 anos após esta apresentação são poderosas.

"For Blood For Meat", "Anthropophagy e "Invasion of Bodies", por exemplo, soam ainda interessantes perante as demais do set-list.

VEREDITO

Este trabalho da veterana SACRISTIA é um daqueles materiais indispensáveis a todo aquele que vivenciou a podridão do underground nos anos 90. Tosco, denso, podre e, por isso mesmo, soberbo.

Impossível não destacar o trabalho gráfico de "Corpus Christis". Uma grande seleção de fotos antigas e cartazes feitos à mão contam a história da banda de forma emocionante. O prazer da audição se torna ainda maior ao contemplar todos os (ricos) detalhes do encarte. Brilhante.

Este álbum não é indicado para pessoas que ouvem som apenas pelo celular.

Isso aqui, meus amigos, é o verdadeiro underground brasileiro. Obrigatório!

(Daniel Aghehost)